01 maio 2008

Nem Tudo Nem Nada


Penso muitas vezes no André. Que me fazia bem a tudo e que sabia sempre dizer-me com uma honestidade brutal aquilo que eu precisava de ouvir. Como fui capaz de o deixar ir embora, de perder o número de telefone dele e de não poder sequer dar-lhe os parabéns no dia do seu aniversário? Disse-me um dia que eu tinha que parar de achar que era feia. Eu era nem mais nem menos, e nas suas palavras, mais uma. Nem melhor nem pior, era mais uma que andava por aí. Que alguém repara e que muita gente não vai nunca reparar. Mas não era pior que isso. Deixei-me ficar deitada na cama com um sorriso de conforto. Gostei ainda mais dele nesse momento, porque percebi que podemos ser especiais para alguém, como eu era para ele, sendo a mais normal das mulheres. Nem feia, nem bonita, nem inteligente nem burra. Sendo comum, a mais comum das mulheres. Que acorda de manhã despenteada, e passa vários dias de mau humor, que dá pouco de sí e que com muita falta de jeito tenta dar sinais de afecto àqueles de quem mais gosta. “Não sabes dar abraços!” Queixava-se ele e eu ficava encolhida sem saber como fazer melhor. Ele ria-se e com os braços à minha volta perguntava se iamos ficar juntos para sempre. Um “juntos” que sabiamos os dois o que significava. Juntos por já termos dado tanto um ao outro, por gostarmos muito um do outro mesmo sabendo que apenas nos tinha sido contemplado o meio termo.

Ele gostava de mim e deu-me aquilo que tinha e queria dar. Porque não precisamos de dar toda a nossa vida quando gostamos de alguém. Acredito que há um meio termo. E podemos escolher dar esse meio termo por ser isso que temos para dar nesse momento. Um meio termo pode ser dado a alguém muito especial. Porque as boas relações podem ser boas recordações e porque nem todos os amores vivem de promessas eternas.

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