14 outubro 2007

Francesco Furini - Lot e as suas Filhas, 1635

Museu do Prado, Madrid

2 comentários:

noiseformind disse...

Tal como na história de Adão e Eva, é a mulher que na sua mão transporta o veículo da dissolutez masculina, neste caso o vinho e n uma romã. Tb é a mulher, já despida, a convidar à luxúria, que começa a tirar as roupas do pobre Lot.

Eu cá para mim tenho que as miúdas n estavam nada com medo de serem os únicos seres vivos do mundo e portanto engendraram prole com o pai. É que nem os habitantes de Sodoma lhes pegaram quando o pai as ofereceu a eles tentando impedir com isso a invasão da sua casa. Ora isto diz muito dos seus atributos. N podendo ser esposas, ao menos ainda foram a tempo de ser mães ; )))))

Noutra perspectiva esta passagem da Bíblia salienta e reforça uma verdade que é uma preocupação constante das tribos da região do Crescent Fértil: é preciso manter a linhagem. Dado que uma tribo podia por vezes sofrer imensas perdas nos seus elementos o sexo para reprodução estava acima de qualquer outra moral. As pelo menos 200 vezes que este tema foi pintado por artistas clássicos mostra bem o valor que tinha como princípio fundador cristão, herdeiro da tradição judaica.

Algo que a Igreja Católica ainda nos lembra, sempre que lhe dão tempo de antena nos noticiários sob a forma genérica de "direito à vida" ; )

Cláudia disse...

Eu acho que o que se passou na verdade foi o Lot violar as filhas. Mas numa religião patriarcal, em que as mulheres são os seres pecaminosos, a culpa é-lhes sempre atribuída. Se o pai oferecia as filhas a estranhos, também não sería a moral que o impediria de dormir com as próprias filhas.

Eu gosto muito deste quadro por muitos motivos mas principalmente porque se pode interpretar a história de várias maneiras diferentes.

noiseformind: não fiques chateado comigo por causa do que te disse...não tinha a intenção de ofender.