29 julho 2007

Se gosto de brincar com carrinhos, porque hei-de brincar com bonecas?


A propóstio do comentário que o PJF deixou no meu post R Crumb (ler aqui):

Quando ainda tinha o cartão de sócio do cinema mais antigo de Edimburgo, aconteceu uma vez a sessão dupla de Domingo à tarde ser sobre filmes de animação japonesa. Mostraram os filmes Akira e Ghost in the Shell.

Nessa tarde o público era um pouco diferente do habitual: 95% masculino. E eram homens com características muito particulares: com aspecto de quem tem como principal passatempo jogar playstation, a informática, coleccionar insectos, ler banda desenhada e sonhar que a Lara Croft lhes vai aparecer no quarto um dia. Cabelos compridos, um guarda-roupa raramente actualizado e t-shirts alusivas a uma banda alternativa qualquer.

Foram ao cinema em grupos. Formaram amizades baseadas nos interesses e passatempos que têm. Pergunto-me porque é que tão raramente se vê grupos de mulheres a fazer o mesmo. Parece que apenas nos juntamos quando vamos às compras ou ver filmes com o Brad Pitt. Como se os nossos únicos interesses fossem futilidades. Agimos de acordo com o que é esperado de nós. E as mulheres apenas impressionam com superficialidades. Nenhum homem vai gostar mais de nós porque gostamos de filmes de animação japonesa sobre o ano 2050 onde cyborgs têm crises existenciais. Mas se nos juntamos em grupos e temos conversas sobre bebés, decoração ou a cor do verniz que temos nas unhas, consideram que estamos a cumprir a nossa função.

É tudo sobre o que foi preconcebido como sendo o papel dos homens ou mulheres no mundo. E quando alguém se interessa por alguma coisa fora do que foi pressuposto, causa admiração.


Descobri que tenho alguns interesses e passatempos de homem. Mas, se uma menina gosta de brincar com carrinhos, porque haveria de brincar com bonecas?

1 comentário:

Anónimo disse...

e ja desde pequenina gostavas de vir para minha casa brincar com os carrinhos do meu irmão....