08 julho 2007

Manter a calma

Tenho curiosidade em saber como me comportaria em situações extremas ou de catástrofe. O que faria se houvesse um incêndio em minha casa, ou num terramoto? Numa situação de guerra? Num assalto à mão armada, no banco onde me encontrava na fila para ser a atendida?

Não sei, mas gosto de acreditar que mantinha a calma.

Já me aconteceu duas vezes acordar com estranhos dentro de casa. A primeira vez estava sozinha e acordei com barulho na sala às quatro da manhã. Levantei-me com o coração aos saltos e fui ver o que se passava. Tinha dois homens estranhos na minha sala. Ficaram a olhar para mim e eu a olhar para eles. Eu estava de camisa de dormir. Era verão, estava imenso calor e as minhas vestimentas eram bem reduzidas. A única coisa que me ocorreu foi olhar por mim abaixo para ver se estava decente. Depois de verificar que, apesar de ter um vestidinho bem curto, estava apresentável, perguntei muito calma o que faziam na sala de minha casa. Acabou por não ser nada de grave. Eram apenas os filhos da minha vizinha velhinha da frente, que estavam de visita no fim-de-semana. Tinham ido sair em Coimbra e estavam bastante alcoolizados. Quando regressavam a casa da mãe, encostaram-se à porta do meu apartamento e…como estava apenas encostada, abriu-se. A minha colega tinha saído ao final da tarde e “esqueceu-se” de fechar a porta. Os dois rapazes resolveram então entrar em minha casa e escrever um bilhete: “Queridas Vizinas: Era só para avisar que deixaram a porta abeta”

Eu apanhei-os na sala, quando decidiam qual o melhor lugar para afixar a nota. Acabamos por marcar um almoço para o dia seguinte.

A segunda vez foi mais assustador. Morava em Inglaterra, numa cidade horrível, no rés-do-chão de uma casa num bairro pouco aconselhável. Por volta das três da manhã acordo com um vulto que acabava de trepar pela minha janela. Mais uma vez era verão, estava muito calor e eu tinha deixado a janela aberta. Acordo com uma figura franzina ao lado da minha cama. Estava tão assustada como eu. Não devia estar à espera de encontrar alguém deitado numa cama pois o meu quarto era no local onde normalmente fica a sala de estar. Saltei imediatamente da cama, como se tivesse uma mola a impulsionar-me. A rapariga virou-se de costas e saiu outra vez pela janela. Eu aproximei-me e tivemos uma conversa. Eu do lado de dentro, ela na rua. Tentou convencer-me que pensava que estava a entrar na casa do “George”. Eu fiquei a gritar com ela durante algum tempo, a dizer que não morava ali nenhum George, que tinha que ir embora e que ia chamar a polícia. Quando ela finalmente decidiu acabar a conversa, eu fui sentar-me na cama. Não conseguia mexer-me. Não sabia se devia chamar a polícia.

Também desta vez estava com pouca roupa no corpo. Estava apenas de cuecas e uma camisola interior branca. Pode parecer que estou a contar que estava pouco vestida por brincadeira, mas a nossa casa é um local onde normalmente nos sentimos seguros. Ter alguém a violar esse espaço e a confrontar-me na minha intimidade, fez-me sentir vulnerável.

Depois de acordar com uma drogada no meu quarto (a polícia foi a minha casa no dia seguinte e disse-me que já a tentavam apanhar há algum tempo), tive dificuldades em adormecer durante três meses e tinha medo de estar sozinha em casa. Mas acho que na altura, reagi bem nestas duas situações.

A polícia enviou-me uma carta para minha casa passado uns meses a dizer que tinham apanhado a menina que trepava janelas. Já tinha tentado assaltar as casas todas do bairro!

Eu agora, quando estou sozinha em casa, durmo sempre de pijama. Com calças bem compridas.

3 comentários:

Anónimo disse...

Eu tenho curiosidade em saber como reagiria num acidente de aviao, isso é que seria uma catástrofe!
Gijas

Eva Antunes disse...

Gijas, Será que valeria a pena reagir?
Desculpa, sou mázinha. Eu sei como detestas andar de avião. ;)

Cláudia disse...

Eu gostava de saber como reagia se deixassem de vender chocolates!! isso é que era uma catástrofe!