30 janeiro 2007

Fazendo uso das palavras dos outros

A vida ou o dogma? - Por Teresa de Sousa
Público - Terça-feira - 30 Jan 2007
[...]
Sinceramente, não creio que seja a vida que a Igreja defende. Inclino-me a pensar que é o seu dogma e a autoridade para impô-lo. Não é a vida sem defesa do embrião. É a uma concepção de vida que coloca a mulher no lugar inferior da escala, cuja função essencial é a procriação.
Se fosse a vida - e eu não tenho qualquer dúvida que a maioria dos católicos, como de resto a maioria das pessoas, defendem a vida - era a dignidade da vida, de todas as vidas. O que há de insuportável neste debate é a hipocrisia com que se defende a vida e se ignora a realidade social, o sofrimento, a discriminação. A Igreja sabe que continuará a praticar-se o aborto clandestino. Sabe que as pessoas com melhores condições financeiras e sociais vão a Espanha (onde uma lei idêntica à que hoje vigora em Portugal produziu resultados tão diferentes que ainda não foi preciso mudá-la), ou recorrem a clínicas privadas em Portugal. E que as adolescentes tantas vezes sozinhas com a sua angústia, ou as mulheres sem recursos vão continuar a sofrer a dor e a sofrer o estigma.
Não é a vida que a Igreja quer proteger. É apenas o dogma. Porquê? Para manter o seu poder sobre a sociedade e sobre as consciências. Razão prosaica e humana.

2 comentários:

Anónimo disse...

Hoje li um testemunho que um padre escreveu sobre o aborto. Parece que dentro da Igreja nem todos pensam da mesma maneira!
Aqui fica o link:
http://padremariodemacieira.com.sapo.pt/diario.htm

Cláudia disse...

Silvia,

Fui ver o site e realmente nem todos pensam o mesmo e ainda bem!

Mas parece-me ser uma excepção!