- Continuas aí, agarrada às saias! Vai para dentro, sente vergonha!
Enrolava o dedos no avental, mirando o chão, a ponta dos chinelos.
- És uma vergonha. Sua puta.
Levantou o queixo e olhou-o, de sobrancelha arqueada!
- Puta? - desvia o olhar para um grupo de senhoras do outro lado da cidade, que passeavam na esplanada, conversando junto ao mar, os maridos seguindo-as uns metros atrás, com as chaves dos carros enfiadas nos dedos e as camisolas penduradas aos ombros- Puta eu? - responde agora já de olhos e lábios caídos - As mulheres são todas putas.
Fechou a porta de casa e a falta de luz envolveu- a até à cozinha, onde sentada à mesa, olhava para a vida dos outros, que continuava na rua, através da janela por onde entrava o sal do mar que lhe comia as paredes por dentro.
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