Contam-se pelos dedos da mão os casamentos que assisti numa igreja. Não tenho muito conhecimento do que poderá ser um sermão típico de um padre. Mas espero que não sejam todos como o último para que me convidaram. Começou-se a falar de divórcio. Não da união de duas pessoas que se amavam e queriam constituir família, ser felizes e pensar num futuro juntos com o consetimento do deus em que acreditavam. O padre decidiu iniciar a cerimónia a falar e dar a pensar nas tentações e perguiças que podem levar um casal a pensar no divórcio. Aquele padre optou por celebrar o casamento de um rapaz com um rapariga de vinte e três anos a lembrar tudo o que podia correr mal. Não os lembrou que aquele era um dia feliz mas alertou-os "tenham cuidado que se não se esforçarem ainda se divorciam. E isso é que não pode ser que deus castiga e fica zangado com vocês. Não é o esforço para serem felizes que interessa aqui, é o esforço para não cairem em tentação e fazerem algo que vai contra a vontade de deus" Que inicio negativo para duas pessoas que tinham começado a pensar na felicidade juntos.
Uns meses depois liguei o radio e falava-se da educação sexual obrigatória nas escolas. A filha da locutora tinha tido a primeira aula de educação sexual e falou-se de ...tcharam!!!! SIDA! A primeira coisa que a turma daquela escola ouviu a professora falar sobre sexualidade foi...o que pode correr mal, o lado negativo. "Vamos assustar estas criancinhas e dar uma conotação negativa ao sexo porque é isso que vai ser bom para elas!" Medo, tenham muito medo!! O sexo é uma coisa terrível que causa doenças.
E é este o legado que o catolicismo deixou nos portuguêses. Somos negativos, deixamos o medo criar obstáculos. Não há abertura para falar do lado bom das coisas e depois alertar para os cuidados a ter na vida.
Vivemos com esta sombra medieval da opressão católica. Ainda temos medo de falar da felicidade, de tudo o que vai correr bem mesmo que alguma coisa pode correr mal, de ter abertura para falar de sexo, que não é mau nem sujo nem serve apenas para apanhar doenças.
Ainda se continua a reinar pelo medo quando ensinar a esperança nos podia levar bem mais longe.
3 comentários:
Welcome back!
O medo e’ a forma como melhor se manipula e controla as pessoas. Nunca percebi a necessidade que a igreja tem de incutir sentimento de culpa nas pessoas e o medo que os pais e as escolas tem de falar sobre sexo. Tem a sua piada receber conselhos de padres celibatarios!
Regresso em grande forma :D
Subscrevo tudo o que disseste. Tb não compreendo o deus vingativo, repressor e castigador inventado pela igreja católica que parece ter muita mais importância para estes padrecos do que a mensagem de liberdade e amor que o JC veio supostamente cá pregar à 2000 anos. Enfim, a religião mais não é do que uma forma imbecil de condicionar a espiritualidade e a relação com o divino e embrutecer as pessoas (até mais do que a televisão) e pôr toda a gente a dizer mééé.
Nuno Rechena
Olá Cláudia!
Passei pelo teu blogue há dias e fui lendo, lendo, lendo... fiquei horas, e li quase tudo.
Comecei o meu blogue há pouco tempo, e ler o teu deu-me finalmente força para "ir buscar à gaveta" uma série de textos que tinha alinhavados há muito tempo, mas que não sabia se havia de publicar. Ainda está no início...
Achei muito curioso este das marcas do catolicismo, porque também tive duas ou três experiências semelhantes em igrejas, e confesso que me deu vontade de interromper o padre a meio da cerimónia para, enfim... para lhe dizer umas coisas. Um dia destes também escreverei sobre isso, é impossível resistir!
Entretanto, escrevi sobre outras marcas, igualmente negativas, em http://thewhitesponge.blogspot.com/2010/04/homens-e-mulheres.html
Parabéns pelo blogue. Vou-te visitando!:)
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