08 fevereiro 2007

Emoções Fortes

Passo muito tempo a tentar descobrir porque me sinto tão insatisfeita. Lembrei-me que talvez fosse porque por falta de emoções fortes. Aborreço-me facilmente e ultimamente tenho tido muito pouco com que animar os meus dias.

Preciso de conhecer pessoas, de um ritmo de trabalho acelerado, de sentir que estou a aprender e de ver lugares diferentes e ultimamente as únicas viagens que faço são ao passado. Algumas são muito engraçadas mas a maioria deixa-me entediada.

Situações que criam emoções fortes criam histórias para recordar e para contar. Gosto muito de contar a viagem de táxi que fiz na Tunísia. É um bom exemplo de uma emoção forte que gostava de voltar a sentir. Apesar desta não ser muito positiva…

Fiz a viagem de Tunes a Gabés de autocarro. Ia com uma amiga para um hotel nas portas do deserto e ainda faltavam cerca de 200 kms para lá chegar. Apanhamos um táxi de longas distâncias e fizemos a segunda parte da viagem ao início da noite.

A minha amiga foi o percurso todo a fazer perguntas ao motorista. Má ideia. Disse-lhe quinhentas vezes para parar e não dar trela ao tipo. Mas ela não se lembrou que eu tenho SEMPRE razão, e continuou a tagarelar! A certa altura o tunisino perguntou se podia ir ter connosco ao bar do hotel beber um chá. Fez-se silêncio no banco de trás. “Não, Não! Não queremos beber chá no bar do hotel!” (de notar que esta conversa passou-se toda no nosso francês macarrónico e no inglês muito pobre do motorista). "Vá lá! Eu levo um amigo e vamos lá ter com vocês!" “Não, não e não!” – Dizíamos as duas. Subitamente o motorista fica muito agressivo e começa a insultar-nos. Silêncio. O táxi pára no meio do nada e entra outro tunisino muito gordo. Durante uns longos quilómetros, falam os dois em árabe. Eu e a minha amiga arrastámos o traseiro para o centro do banco de trás do carro e agarramos o braço uma da outra. Não conseguíamos falar e nem era preciso. Tínhamos o pânico pregado na cara. Tenho a certeza que pensamos as duas o mesmo sobre o que nos podia acontecer naquela estrada escura onde não passava nenhum veículo.

Passamos por uma aldeia e o táxi pára. Os tunisinos saem e atiram as nossas malas para a rua. “Apanhem outro táxi!”.

Que alívio! Apanhamos outro táxi (apesar de já termos pago adiantado ao outro para nos levar à porta do hotel) e suspiramos de alívio assim que nos vimos dentro do quarto. Que susto.

Como dizia Jane Austen:
If adventures do not befall a young lady in her own town, she must seek them abroad.

Prometo que vou tentar escrever uma Crónica Emoções Fortes Parte II que esteja relacionada com pessoas e não com viagens. Essas são bem mais interessantes mas mais raras e mais difíceis de descrever.

4 comentários:

Anónimo disse...

Claudia sorry mas sem ter nada a ver com as aventuras taxianas só para dizer-te que gosto bastante do claudipedia... Venho aqui várias vezes ao dia e tudo... Ora pois... Apesar de não escreveres de uma forma brilhante (ops não devia dizer isto, não que escrevas mal nem nada... mas acho que é uma escrita plana demais) gosto muito das problemáticas da coisa... Identifico-me com a causa... Beso guapa

Anónimo disse...

Já conhecia a história mas mesmo assim não deixei de sorrir ao imaginar-vos a meio da noite, com as bagagens ao lado, a verem o táxi partir. A vida quando se está em viagem pode ser mesmo muito hilariante!!!

disse...

Nem quero imaginar!!!!

Beijos

Cláudia disse...

Olá Ricardo. Obrigada pelas palavras simpáticas e honestas.

Eu não tenho pretensão de ser grande escritora. E tenho bem noção que não escrevo bem. Mas este blog é verdadeiramente terapêutico. Fui ver o teu blog e realmente tem qualquer coisa em comum. :)

Fernando: Eu conto esta história a todaa gente!!

Cocas: Afinal não corriamos grande perigo porque não costumam fazer mal às turistas. mas que foi um grande susto, isso foi!